Cuida, o processo acontecendo, parte 2
Se tratando do que surge no processo para além da obra, um fato importante começa a acontecer.
Por vim, através de esse trabalho abordar aspectos referentes as ruas nossas de cada dia, uma das coisas que tem que se fazer para a instalação é coletar lixo. Trabalhei com lixo, materiais outros para compor o espaço instalativo. Pois bem, ao entrar hoje no CCBNB avisto, no próprio lixo do equipamento placas de madeiras e papeis que posso utilizar na instalação. Me dirijo a coordenação do centro cultural perguntando se posso utilizar daquilo para o trabalho. O diretor do CCBNB aceita. Apara completar, pergunto se posso fazer um tour no equipamento de forma, a coletar mais lixos que ali tivera, bem como se posso utiliza-los. Na medida em que ando pelo CCBNB consigo ver madeiras, ferros, e outros materiais que poderia ser usado na proposta. Volto a perguntar o diretor do equipamento e junto com ele realizamos um tour no espaço de forma com que eu não venha pegar algum material tombado e de patrimônio.
O que me chamou atenção não é o fato dos materiais que ali tivera, nem tão pouco o que eu podia pegar ou não, mais o fato do espanto de funcionário e do próprio diretor em perceber minha atitude de pegar lixo do espaço para por no trabalho. Reuni com a galera dos serviços gerais e pedi que agora, se possível repensassem no lixo que iam jogar fora, pois agora saberiam que tem um aluno de um curso do equipamento que utilizará lixo para o trabalho. Num momento a galera toda achou graça e disse que tinha muito lixo e, que aos poucos, começaram a me trazer caixas, madeiras, pedaços de plásticos, varias coisas que aumentava o material do trabalho. Inclusive, até o próprio diretor foi sensível e percebeu a proposta e trouxe umas placas de PVC que iam jogar fora.
Chamo atenção nisso tudo é pelo fato de começar acionar uma rede, no próprio espaço de formação, que interliga funcionários outros com o trabalho, a obra. Aonde o lixo que o próprio equipamento produz, como a ação da galera do serviço geral separar algo para o trabalho, torna todo o processo bem mais rico. De fato, fortalecendo a ideia que um autor de uma obra em parceria com uma rede maior, pode gerar na produção de arte, como num contexto maior de sociedade, um movimento de ação artística integrada e mutua. Isso me chamou bastante atenção e fiquei muito feliz, confesso. Passava pra lá e pra cá, Israel Diogo e eu, juntando lixo e recebendo algo do pessoal do equipamento. Percebia risos e abertura sim, entre os funcionários. Quero poder mais pra frente, deixar isso tudo que tá acontecendo com o restante dos funcionários, de forma que mesmo eles sabendo que são trabalhadores da cultura, nesse trabalho que pretendo desenvolver, eles e elas serão produtores do que será exposto em setembro.
Por fim, digo e fortaleço a ideia que essa sensibilidade de perceber esses entres dos processos é mediante a experiência cotidiana que tenho com o pessoal em situação de rua. Percebo no encontro e na abertura da partilha que juntos o olhar se torna mais sensível e apurado. Não damos brecha a uma arte egóica e pensada num seio individual e colonizador, mais sim de um pedaço de arte que é produzido no e com o coletivo, aonde todos e todas tem o que contribuir no fazer/pensar arte. Pode meio que parecer palavras um tanto batidas, mais ei de sempre demarcar que são os encontros que potencializa e torna nosso caminhar mais massa, show!
Simbora, gente!