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Afro-materialidades... Corpo/Dança/Multidões...

Em uma primeira ação conjunta e colaborativa com o projeto “Ode ao Mar Atlântico” (Lab. Música - Porto Iracema das Artes) em sua abertura de processo, se percebeu que meros instantes de criação podem ser importantes na composição de um trabalho e, porque não dizer em uma Afro-materialidades?

Em questão, por vim investigado ações com areia, na noite de saída do Ode ao Mar, pois não são shows o que eles fazem, os grãos foram responsáveis por nos aproximar mais, para não dizer da materialidade encarnada que a areia em si se derramou em meu corpo.

Conforme a saída se dava, a proposta era despejar areia em frente ao palco. Acompanhado de experimentações sonoras-sensíveis (é social também!), nessa ação de derramar areia, os desenhos, os traços, os rabiscos e motins, em diálogo com a luz e a temporalidade não circunscrita, parecia criar movimentos em cima de um linóleo e na frente do palco (ambos cantinhos sacralizados).

Não tendo um planejamento oportuno para pensar a ação em si, após o termino da saída, conversando com Eric Barbosa, comecei a entender que a ação era um soterramento de memórias-experiências e um sufocamento estético/político que apontava para uma ampliação no que estou tentando fazer/pensar enquanto dança no projeto Afrontamento. Desacralizar o espaço do linóleo e o palco!

Esse engasgo arenoso, que se estende também ao soterramento/abafamento social, pois muitas pessoas insistem em querer fazer isso com nossas periferias, nosso povo preto/a e nosso funk (rola um projeto de lei querendo proibir), me fez ver que através do estranhamento das pessoas e da repulsa de outras (de colocar areia no linóleo durante um show), que o elemento (areia) em diálogo com tantas outras materialidades (linóleo, corpo, tambor...), disparou uma dança-instalativa-sonora. O lugar da experimentação com Ode, remeteu que Afrontamento se constrói também em outras materialidades que não as encarnadas, as que trazemos, também. Que corpo é relação e que conforme do que nele se aproxima, rasga, chega e rasteja, as relações que fazemos com as coisas do mundo, diz de nós, de nossa história, nossa trajetória. A ação nessa noite foi como um convite relacional do corpo com a areia, linóleo, palco, tambores, sons, com o espaço.... Materialidades multidões. E o que é o corpo negro, a dança negra, se não uma multidão?

Foto: Joyce S. Vidal


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